Henrys, Isabellas, Joões e Igors

Um menino lindo, com carinha de anjo e apenas quatro anos. Quantos sonhos morreram com Henry Borel? Quanto medo essa inocente criança passou antes de ser espancada até a morte? A polícia carioca concluiu que o garoto foi vítima de várias sessões de tortura e agressões físicas, com a conivência da mãe e da babá. Em seu frágil corpinho, peritos encontraram 23 lesões na noite em que veio a óbito. Segundo investigações, o padrasto, vereador e médico, teria agredido filhos de outras companheiras que, agora, após a tragédia, reuniram coragem para denunciá-lo. Infelizmente, o caso de Henry não é uma monstruosidade isolada. Quem não se lembra de Isabella Nardoni? Há 13 anos, com apenas seis anos, a menina foi agredida e jogada do sexto andar de um apartamento na zona norte de São Paulo. Pai e madrasta foram condenados pela justiça pelo homicídio. Isabella foi morta em 29 de março de 2008 e menos de seis meses depois, em 5 de setembro daquele mesmo ano, dois irmãos, João Vitor dos Santos Rodrigues, 13 anos, e Igor Giovani dos Santos Rodrigues, 12, foram covardemente assassinados, também pelo pai e madrasta. O caçula foi esganado pelo homem. O mais velho esfaqueado pela mulher. Os adolescentes foram queimados e esquartejados. Os restos mortais foram encontrados no lixo, por coletores, em Ribeirão Pires, na Região Metropolitana de São Paulo. Os irmãos, abandonados pela mãe, chegaram a fugir de casa, mais de uma vez, antes de serem trucidados. Seus pedidos de socorro foram menosprezados pelo Conselho Tutelar e autoridades. É estarrecedor constatar que a maldade humana parece não ter limites. Até quando crianças e adolescentes serão abusadas, espancadas, mutiladas e mortas? Vivemos em um país onde as desigualdades sociais empurram milhões de brasileiros para uma terrível miséria material. Mas é a miséria moral a que mais assusta. Ricos e pobres, homens e mulheres, brancos e negros assassinam de forma fria, torpe, animalesca, os seus semelhantes, muitas vezes os próprios descendentes. São seres que não merecem ser chamados de humanos. São bestas-feras indignas da pena de morte e que deveriam ficar trancafiadas até o último de seus dias para servirem de exemplo da maior ameaça à humanidade: o mal que está dentro do coração de cada um de nós. Cabe a nós impedir que a crueldade, a ira e o ódio vençam. As penas para esse tipo de crime devem ser maiores, porque essas vidas que estavam apenas começando, foram interrompidas de maneira vil e jamais voltarão. Quem não perdeu o amor ao próximo, a compaixão, a empatia, o temor a Deus, sente o coração sangrar com esses crimes. O choque e a comoção dos primeiros dias não podem cair no esquecimento. É preciso dar um basta em tanta carnificina.

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