300.015 mortes sem despedida

Um dia depois de contabilizar, pela primeira vez, mais de 3 mil mortes em 24 horas, o Brasil atingiu, hoje, a triste marca de 300.015 vidas perdidas para a Covid-19. E essa catástrofe está longe de terminar. A tendência é que, a partir de agora, fique muito pior. Com a epidemia completamente fora de controle o vírus se alastra com velocidade assustadora, multiplicando em proporção geométrica o que antes era progressão aritmética. Essa tragédia anunciada vem sendo propositalmente arquitetada por quem até ontem defendia a 'imunidade de rebanho', ou seja, que todos peguem a doença e quem tiver que morrer, que morra. 'Filosofia de botequim' pode ser muito boa para um capitalista selvagem de Wall Street. mas jamais para quem assumiu o compromisso público de salvar o país. Onde está o espírito humanitário? Como não ter empatia pelas famílias que choram a perda de entes queridos? Existe alguma vida que vale mais do que a outra? O desprezo pelo ser humano que sofre é uma ignomínia. A Covid-19 não é uma gripezinha. O Plano Nacional de Imunização é uma grande fake news. As UTIs lotadas não são invenção da mídia. Para quem não sabe ainda, a chance de morrer do novo coronavírus no Brasil é três vezes maior do que em qualquer outro lugar do mundo. Os brasileiros estão morrendo sem ar, sem leitos e sem dignidade. Como se não bastasse o sofrimento em vida, na morte não há o alento do ritual de despedida. Chega de hipocrisia, de demagogia, de politicagem, de fanatismo ideológico e partidário. A chaga é profunda e o povo merece respeito. Meus mais sinceros pêsames, trezentas mil e quinze vezes.

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